quarta-feira, 7 de abril de 2010

Palestra arquiteto Isay Weinfeld



Casa do Saber – Ipanema – RJ
24-11-2009

Isay diz que arquiteto não precisa saber desenhar. Ele diz que não sabe desenhar. Mas Isay sabe criar. Ele cria uma arquitetura calma com grandes surpresas junto com a equipe de seu escritório. Uma equipe que ele admira e que o ajuda a escrever o roteiro de sua trajetória nesses longos anos de trabalho. Como um filme ele conta histórias, cria cenários, surpreende e emociona.
Sentado na cadeira em frente a tela de projeção, em uma sala escura, ele mostra suas influências. Cenas de filmes de Fellini e Bergman, trechos de músicas clássicas, fotos de pinturas e esculturas. Um passeio com emoção proporcionada pela beleza e harmonia de suas escolhas. O tempo parece parar diante de tanta coerência. Apenas imagens e músicas. Uma pausa no mundo. Mostra as fotos de seus trabalhos de arquitetura sem falar uma palavra. O silêncio junto com as imagens já bastam para exprimir tanta sensibilidade e genialidade. Não há erros, apenas acertos.
A sua arquitetura parece a trilha sonora de um filme, às vezes preto e branco, às vezes colorido, que canaliza os conceitos e gostos pessoais de um arquiteto cineasta. A busca da beleza se materializa em cores, escadas helicoidais, volumes e espaços interiores com diferentes texturas, além de uma iluminação e mobiliário que não fazem nenhuma questão de criarem dúvidas em relação as escolhas presentes em seus projetos.
Isay não gosta de se repetir. Ele quer o novo desafio. O novo projeto. Se fizer uma parede vermelha em um prédio, colocará uma parede amarela no próximo. Seu desejo como arquiteto pode ser projetar um posto de gasolina ou até um bordel. Se for fazer um projeto, prefere fazer desde a concepção da forma até o design do botão da campainha. Para ele o que vale é o novo, o que surpreende. O fora do comum. O fora de estilo definido. Gosta de passear pela margem e não no centro da fama que muitos arquitetos fazem de tudo para estar. É fiel de si mesmo e de suas referências. Fiel a sua vida.
Isay nos mostra que a arquitetura não precisa ser prioridade na vida de um arquiteto para ele ser brilhante. Arquitetos devem viver a vida, fazer o que gostam, ver filmes, escutar musica, apreciar outras artes e respirar outros ares. Niemeyer também diz que a vida é mais importante. Olhar a natureza. A arquitetura precisa se alimentar de arte. O arquiteto não deve se levar a sério. Acha que a arquitetura, acima de tudo, precisa de humor. O arquiteto precisa de humor. O arquiteto precisa conhecer desde a relação do indivíduo com seu criado mudo ao lado de sua cama até a relação do edifício com a cidade.
Trabalha duro para chegar na solução final de um projeto, mas sente um imenso prazer nesse trabalho. Faz de sua vida e seu trabalho uma grande inspiração para jovens estudantes e arquitetos que sonham um dia poderem ter a capacidade de combinar idéias e realidade para criar uma arquitetura de sonho como parte garantida do filme da vida de cada um.
(texto: Rick)



Um comentário:

  1. A uma pessoa especial e inteligente como vc, a minha maior admiraçäo pelo excelente texto e pela dedicaçäo na arquitetura, arte, lugares e coisas. Adorei!!

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